quarta-feira, 6 de abril de 2016

Muito prazer, eu.

Para me conhecer você precisa tirar os sapatos, pegar um livro e se sentar confortavelmente.
Você vai descobrir que eu não falo muito (bom, falo razoavelmente), por isso o livro, para os momentos de silêncio. Eu gosto de silêncios. Gosto quando tem uma conversa animada e de repente todo mundo fica quieto. Eu sei que a pessoa está pensando exatamente o mesmo que eu. Dependendo da pessoa, ou estamos enlouquecidos pensando em assuntos pra acabar com o silêncio agoniante e desesperador ou estamos pensando na conversa, refletindo as descobertas e formando novas opiniões. Tenho pra mim que a amizade perfeita é aquela onde as duas partes sabem o momento certo de praticar o silêncio.
Você vai descobrir que eu gosto muito de escrever. Se você abrir minha bolsa vai achar meu lápis bege preferido, uma borracha que sempre some e vários caderninhos fofos. Meu quarto, então? Está cheio de folhas soltas com coisas escritas. Quando eu decido escrever pego o primeiro papel que acho e depois largo em algum canto. Pra mim escrever é me entender. Se eu não escrever passo meus dias sem sentido algum. Pra mim o que importa é o processo de escrita. Primeiro eu escrevo várias coisas sem sentido, depois que entendo o que quero, escrevo até não caber mais no papel. Então, pego outro.
Você vai descobrir que amo ficar descalça. Amo sentir aquele chão enorme debaixo dos meus pés. Sapatos limitam essa nossa capacidade de sentir. Pode ter certeza que se eu fiquei descalça, por vontade própria, na sua casa, é porque eu me senti em casa.
Você vai descobrir que toda vez que eu sinto uma brisa no rosto ergo a cabeça e fecho os olhos, isso porque eu acho que é Deus me dando um beijo carinhoso na testa. Vai descobrir que eu gosto de dançar em lugares públicos sem nenhum motivo aparente e sem nenhuma música tocando. E sem saber dançar, vale lembrar. Vai descobrir que eu tenho preguiça de lavar o cabelo. Que eu entro no chuveiro só pra lavar os pés antes de dormir, por causa daquilo dos pés descalços. Que quando eu amo muito alguém eu gosto de falar isso o tempo todo e apertar muito.
Você vai conhecer uma pessoa comum que tem manias, qualidades e defeitos. Que lutou muito contra si mesma, mas que descobriu que o melhor que poderia fazer é ser ela mesma.
Muito prazer, eu sou eu, finalmente.

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