Faz tanto silencio aqui que eu consigo escutar meu coração
pulsando, meu sangue correndo pelas minhas veias, o ar entrando e saindo pelas
minhas narinas, meus pulmões enchendo e esvaziando e enchendo e esvaziando e
enchendo e... A ponta do lápis sobre o papel parece uma britadeira, consigo
saber de onde vem e para onde vai qualquer carro que passe na rua agora, ouço
os insetos lá fora. Nunca fui boa em identificar qual bicho faz cada som, tirando
os miado, latido, mugido e cacarejo tradicionais, mesmo assim eu sei que não é
só uma espécie de inseto cantando e sei que estão espalhados por todo lugar.
Sei quando a vizinha de baixo está procurando algo, ouço as portas e gavetas
abrindo e fechando constantemente. Vejo quando ela acha o que procurava ou
desiste da procura, ouço o bater da escova de dentes recém usada na pia do
banheiro. Parece ser tão perto quanto o banheiro ao lado do meu quarto. Agora
são os cachorros que latem em resposta ao primeiro que latiu, ou quem sabe à um
gato que está passeando essa hora da madrugada. Mas o único barulho persistente
é o dos insetos, será que algum dia vou conseguir distinguir um do outro? Ou
vou continuar falando que ouço grilos cricrilando?
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